domingo, 10 de março de 2013

A Faça do Femen Brasil , Feminismo e Dia da Mulher


Sara Winter do Femen Brasil se Prostituia aos 17 anos

como é o processo de seleção das meninas que desejam ingressar no Femen Brazil e contou que a "matriz" ucraniana criticou as brasileiras, "porque colocamos meninas gordinhas nos protestos". De acordo com ela, o Femen "quer somente meninas que se enquadrem no padrão de beleza delas" nos protestos.
O Femen não tem proposta, isso eu posso afirmar. Elas não gostam nem de ler as críticas nos jornais ao movimento. Eu sempre lia e queria saber o porquê de falarem isso ou aquilo.

A sociedade ucraniana é diferente da nossa e o discurso do Femen deveria ser adaptado ao nosso contexto. As meninas da Ucrânia não sabem o que acontece no Brasil. Na Ucrânia, elas são o primeiro movimento feminista do país. No Brasil, não. Como podemos ser um movimento feminista no Brasil se não dialogamos com os outros movimentos que compartilham a mesma luta?

Muitas pessoas se ofereceram para ajudar, para nos dar formação, para nos explicar um pouco a história do movimento feminista no país, mas a Sara sempre recusou. O Femen é um movimento feminista que não trabalha com as feministas. E o Femen não é nem um movimento social porque não desenvolve e nem tem projeto para realizar nenhum trabalho social. Nenhum.
A questão do envolvimento político do grupo também pesou para a minha saída. O Femen se apresenta como apartidário, mas eu não sabia que o Andrey (Russo, assessor da Sara Winter, líder do grupo, e do Femen Brazil) era candidato a vereador. Eu perguntei à Sara quem era o Andrey, qual era a relação que eles tinham, mas não tive resposta. Os dois estão enganando muita gente e tenho provas. Não quero prejudicar ninguém, mas não quero que mais pessoas caiam na mesma história.

(Andrey Cuia ou Andrey Russo é candidato a vereador em Santo André pelo PMN, o Partido da Mobilização Nacional, que apoia a candidata Soninha Francine para a prefeitura de São Paulo. Em seu perfil do Twitter, ele se apresentava como “assessor voluntário do Femen Brazil”, mas já não coloca o “cargo” na descrição do perfil)

Tive muito pouco contato com o Andrey. Ele aparecia somente quando dávamos entrevistas. Há muita falta de comunicação no grupo. Tudo é passado diretamente à Sara e ela repassa à equipe. Passei uma semana na casa dela em São Carlos e as conversas que tivemos me fizeram ter ainda mais certeza de que queria deixar o movimento. Muitas coisas me desagradaram, como a maneira que ela enxerga o projeto e o futuro dele. Também questionei as inúmeras revistas com a figura de Hitler que ela tem em casa. A Sara disse que admira Hitler como pessoa, que ele foi um bom marido, que amava os animais, mas que não admira o Hitler público. Achei meio estranho.
Sara Winter (Foto: Luna D'Alama/G1)
Sara Winter simpatizante de direita movimento neonazista SS.
Sara Winter, 20, líder do Femen Brasil, movimento feminista que há quase um ano chama atenção do país com protestos de topless, conta que já foi prostituta na adolescência, fala sobre as dificuldades do ativismo com nudez  e ressalta a importância do Dia Internacional da Mulher (8 de Março): “É uma grande conquista para o movimento feminista. Comemoramos com muita alegria, como o nosso feriado”.

Por que a criação do Femen? O que fez uma menina de 19 anos ter esse tipo de iniciativa?
Sara - Quando eu resolvi trazer o Femen para o Brasil, eu já era fã do movimento. E eu sempre tive uma vida meio esquisita, sempre fui uma adolescente rebelde, sempre estive fora dos padrões e sempre senti na pele os efeitos disso – como você é tratado quando você não está nos padrões da sociedade – padrão estético, moral, psicológico. Eu era bem roqueira, escutava músicas diferentes. Quando fui crescendo, fui estudar política para entender como funcionam as coisas no Brasil, na América Latina. Passei por casos de violência no decorrer da minha vida e nunca pude fazer nada porque não tive uma instrução de como proceder caso algum tipo de violência acontecesse comigo. Em algum momento, eu entendi que existia um grupo que sabia como reagir a isso, mas eram pessoas com maior poder aquisitivo, que estavam dentro da universidade. E eu pensava: sou uma menina jovem, pobre e esse tipo de informação não chega até mim. Por que o feminismo não chega até mim? Aí eu entendi que o feminismo está totalmente centralizado na elite acadêmica e universitária. As ideias libertárias do feminismo são completamente segregadas na universidade, principalmente nas ciências humanas, sociologia, ciências sociais... E isso não chega até a população simples. Então, talvez se o feminismo tivesse chegado até a mim, eu nunca teria passado por uma situação de violência. Eu tive uma luz e pensei: “Se existe (o Femen) lá na Ucrânia podemos fazer aqui também”. Era minha forma de levar esclarecimento até a população mais simples.

Já que o feminismo defende o empoderamento do corpo para que a mulher faça com ele o que quiser, a prostituição não poderia ser enquadrada nesse aspecto?

Sara - Eu tinha 17 anos e me prostituí por dinheiro para pagar a faculdade [Sara cursava Relações Internacionais] – foram 10 meses. Acho que eu tenho facilidade para abordar esse assunto por ter tido experiência de causa. O Femen, internacionalmente, entende que a prostituição não é uma escolha. A prostituição não é exatamente uma opção para uma mulher jovem, pobre, sem educação e sem perspectiva de vida. Se ela quiser fazer uma faculdade, se ela quiser ganhar mais para ajudar a família em casa, não será possível com um salário de vendedora. Então, se tornar uma prostituta é algo extremamente fácil, mas depois fica muito difícil sair. Principalmente quando você é pobre. A maioria das garotas de programa ficam viciadas em dinheiro porque é um salto muito grande ganhar R$ 700 em um mês e ganhar o mesmo valor em duas horas. É muito comum que essas meninas ganhem muito dinheiro, mas elas não guardam. A prostituição é um trabalho temporário, ninguém nasce e fala: “Quero ser prostituta quando crescer”. Por isso, acreditamos que a prostituição não pode jamais ser considerada uma escolha, ela é uma consequência de um sistema extremamente falido. E eu fui vítima desse sistema.
Correntes da internet já citaram que, em algum momento da sua vida, você teve algum tipo de simpatia pelo Plínio Salgado (líder da AIB Ação Integralista Brasileira), que tem uma linha considerada facista, além de outros movimentos neonazistas. Como você explica essa fase da sua vida?

Sara - Eu entendo que eu era meio tola quando eu era menor, eu tinha quinze anos. Eu sempre fui muito ligada a política, mas, na época, não sabia o que era direita, esquerda, nada disso. E eu me comunicava via internet com muita gente do Sul do país, que se declarava skinhead. Eram as únicas pessoas que eu conhecia que se interessavam por 2ª Guerra, que era o que eu estudava na escola, e o pouco de política que aprendi foi com eles. Por isso, acabei ligada a esse tipo de coisa. Mas nunca tive um movimento físico nesse sentido, nem militância, era só simpatizante. Depois, quando eu fiz 17 anos e fui estudar Relações Internacionais, eu entendi que não eram coisas boas. Passei a compreender as linhas políticas: direita e esquerda, etc. E fui me desapegando de todas essas ideias. Passei a ler Marx, Volteire, Russel. Fazia parte das disciplinas de política, sociologia e antropologia na faculdade. Quando comecei a ter contato com essas outras obras, eu percebi que eu preferia as ideias libertárias porque me cativavam mais. Hoje, sou totalmente avessa às ideias com as quais antes eu simpatizava.

E quem administra a parte financeira?
 Eu nunca me envolvi com a questão de dinheiro, mas não há nenhuma prestação de contas. O dinheiro vai pra conta da Sara e pelo que a gente ficou sabendo agora, para a conta de PayPal do Andrey. Não sei como ela gasta o dinheiro. Eu disse pra Sara que o dinheiro das camisetas poderia ser usado para cobrir nossos gastos, mas as doações poderiam ser revertidas a organizações e ONGs que trabalham, por exemplo, com mulheres que são vítimas de violência domestica. A Sara não se posicionou. Não sei se ela vai considerar esta ideia.

O Femen segue alguma linha política?

Sara Winter - Sextremismo

Sara -Não nos envolvemos com políticas pré-definidas, nossa ideologia é o sextremismo. A Mulher na sociedade patriarcal não tem posição de fala, tem posição de submissão. A mulher precisa se descontextualizar, precisa estar onde ela não está – por isso a nudez. A nudez é usada pela sociedade patriarcal desde sempre, a mulher nua ou não vende todo tipo de produto. Já que somos mulheres, ao invés de vender produtos, vamos vender ideias sociais. Como todo mundo gosta de olhar o corpo de uma mulher, usamos o nosso corpo para passar uma mensagem escrita no peito, um protesto.

Nenhum comentário: