O empresário Abilio Diniz afirmou em carta enviada à imprensa nesta sexta-feira que deixa o grupo Pão de Açucar levando "os desafios, as conquistas, as derrotas, as vitórias e, acima de tudo, os aprendizados."
Ele disse ainda que é preciso saber aceitar mudanças. "É preciso se reinventar e ir em frente. Seguirei a minha vida empresarial fazendo aquilo que sempre fiz, com coragem, correção, alegria e determinação, descobrindo e aceitando novos desafios. Peço a Deus que continue me dando saúde e iluminando o meu caminho".
Sobre a disputa com o grupo Casino pelo controle da empresa, ele afirmou que os últimos dois anos "não foram fáceis", mas que a solução era "suficientemente boa para todos".
O empresário e o grupo Casino anunciaram na tarde desta sexta-feira que Abilio deixa a presidência do conselho do Pão de Açúcar e o grupo. Abilio fica na BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil, criada a partir da junção da Sadia e da Perdigão. Com a saída, termina a disputa com o grupo francês, acionista controlador do Pão de Açúcar.
Segundo comunicado enviado pela assessoria de imprensa do Casino, "movidos pelo sentimento de respeito mútuo, Abilio Diniz, Presidente do Conselho do Grupo Pão de Açúcar, e Jean-Charles Naouri, Presidente do Conselho do Grupo Casino, decidem terminar suas disputas e concluir sua parceria de maneira benéfica para ambos, de forma que cada um possa livremente seguir em frente e perseguir novas oportunidades".
A mensagem diz ainda que Abilio Diniz deseja muito sucesso a Naouri e ao grupo Casino. "Ele (Abilio Diniz) expressa seus desejos mais sinceros para que o Grupo Pão de Açúcar continue crescendo com suas pessoas, sua cultura e seus valores, contribuindo para o desenvolvimento do País". O presidente do Casino afirmou que tem "gratidão" pelas "muitas contribuições" de Abílio e de sua família.
As duas partes também encerrarão todos os litígios que têm entre si. "Abilio abre mão de todos os direitos políticos que têm no Pão de Açúcar, sai do Conselho e, ao mesmo tempo, garante liquidez com ações preferenciais", disse a fonte, que pediu anonimato.
Procurado, o Pão de Açúcar não retornou imediatamente os pedidos da Reuters por comentários a respeito do assunto. A saída da presidência do conselho do Pão de Açúcar, fundado por seu pai em 1948, põe fim a uma conturbada relação do empresário com o Casino.
Os conflitos começaram em meados de 2011, quando Abilio tentou unir as operações do Carrefour no Brasil ao Pão de Açúcar. O grupo francês acusou o empresário de tentar minar o acordo de acionistas na holding Wilkes. No meio de 2012, Abilio transferiu o controle do Pão de Açúcar ao Casino, como previa o acordo de acionistas firmado anos antes com o grupo francês, permanecendo como presidente do Conselho da varejista.
As desavenças entre as duas partes se agravaram neste ano, quando o empresário foi eleito para ser o presidente da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil e que tem o Pão de Açúcar como seu principal distribuidor de produtos no mercado interno.
O Casino via conflito de interesse no acúmulo da função de chairman por Abilio no Pão de Açúcar e na BRF e insistia para que o empresário renunciasse ao cargo na rede de supermercados. Depois de transferir o controle do Pão de Açúcar ao Casino, Abilio reduziu de forma significativa sua participação no capital da varejista brasileira. Foram três leilões de venda de ações preferenciais da companhia em seu portfólio desde o fim de 2012, com os quais o empresário embolsou cerca de R$ 2,5 bilhões e diminuiu sua fatia nos papéis dessa classe para 5% do total.
O futuro presidente do conselho do Pão de Açúcar precisará ser escolhido, mas um candidato natural para assumir o posto é Ronaldo Iabrudi, diretor e representante do grupo varejista francês no Brasil.
Em 7 de setembro de 1948 meu pai, Valentim dos Santos Diniz, fundou o Pão de Açúcar. Desde então dediquei a minha vida à construção deste sonho. Hoje, exatos 65 anos depois, encerro um importante ciclo dessa história de sucesso para a empresa, para a nossa família e para mim.
É com emoção que renuncio à presidência do Conselho do Grupo Pão de Açúcar. Tenho comigo sentimentos de gratidão, felicidade, realização, respeito e orgulho por essa empresa, por essa gente e por esse País.
Na véspera do dia que simboliza a liberdade do Brasil, eu também abraço a minha liberdade para continuar perseguindo os meus sonhos. Como costumo dizer, quero hoje ser melhor do que ontem e, amanhã, melhor do que hoje.
No Pão de Açúcar sempre buscamos a eficiência, o crescimento e o êxito, com muito trabalho e dedicação, e assim construímos uma empresa única, admirada no Brasil e no mundo. Perseguimos sempre a felicidade e não é à toa que o Pão de Açúcar tem como slogan "Lugar de Gente Feliz".
Levo comigo os desafios, as conquistas, as derrotas, as vitórias e, acima de tudo, os aprendizados. É claro que num momento como esse também sinto tristeza; tristeza pela saudade que terei da empresa, das pessoas, das lojas e dos símbolos que tanto amo.
Mas assim é a vida. É preciso ter sabedoria para aceitar as mudanças. É preciso se reinventar e ir em frente. Seguirei a minha vida empresarial fazendo aquilo que sempre fiz, com coragem, correção, alegria e determinação, descobrindo e aceitando novos desafios. Peço a Deus que continue me dando saúde e iluminando o meu caminho, assim como o de vocês.
Agradeço a todos que compartilharam comigo esse sonho, a começar pelos meus pais, Valentim e Floripes, meus irmãos, minha mulher, Geyze, meus filhos Ana Maria, João Paulo, Adriana, Pedro Paulo, Rafaela e Miguel, e aos que, ao longo desses 65 anos, trabalharam e colaboraram com o Pão de Açúcar - são milhares de pessoas que dedicaram suas vidas para fazer dessa empresa realmente um lugar de gente feliz. Agradeço também a todos os consumidores e parceiros que acreditaram em mim e no Pão de Açúcar, mesmo nos momentos mais desafiadores da nossa história.
Sinto-me realizado por liderar o Grupo Pão de Açúcar por todos esses anos. Sinto que contribuí com o meu trabalho e a minha liderança e deixar esse legado me faz muito feliz. Os últimos dois anos não foram fáceis e, hoje, com alegria, encontramos uma solução suficientemente boa para todos.
Desejo ao Grupo Casino e aos acionistas do Pão de Açúcar sucesso na condução dessa empresa, que ela continue crescendo com a sua gente, a sua cultura e os seus valores, contribuindo para o desenvolvimento do nosso país e sendo sempre um lugar de gente feliz.
Muito obrigado. Abilio Diniz
Transação
O acerto envolve a troca das ações ordinárias (com voto) que Abilio tem na Wilkes, holding de controle do Pão de Açúcar, por papéis preferenciais - sem direito a voto - detidos pelo Casino, na razão de 1 para 1, melhor para o empresário do que a proporção de 0,91 estabelecida no acordo de acionistas, acrescentou a fonte.
O acerto envolve a troca das ações ordinárias (com voto) que Abilio tem na Wilkes, holding de controle do Pão de Açúcar, por papéis preferenciais - sem direito a voto - detidos pelo Casino, na razão de 1 para 1, melhor para o empresário do que a proporção de 0,91 estabelecida no acordo de acionistas, acrescentou a fonte.
Confira a carta na íntegra
Queridos amigos,
Queridos amigos,

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